sábado, 26 de julho de 2008

Cheiro

Cigarro com perfume.
Suor com homem.
Carlton com Fidji.
E Fidji comigo.
Aloe Vera com mulher.
Hollywood com 'Axé'.

Cada cheiro com seu dono,
Cada dono com seu gosto,
Cada gosto com sua toxina,
Cada toxina que me fascina.

O vício de ter, o vício de fazer, o vício de dizer:
- Você mudou de perfume.
A mudança das cores, a mudança dos amores a arrogância de dizer:
- Quero te ter.

O sorriso que quero, o amor sincero, o futuro que espero.
Tudo isso mata, tudo isso acaba, tudo isso passa.
Por isso, a última chance: viver; no desespero.

Calor, amor, dois corpos (ou mais); sexo.
Realidade, verdade, poder, nexo.
Esperar o dia amanhacer pra dormir,
Esperar que não tenha de novo que partir.
Prender a respiração e chorar, olhar-se no espelho...
Desesperar.

Quero o cheiro, quero o sabor.
Quero morrer, um dia, de amor.
Quero que o cheiro se empreguine em mim,
E que o gosto não saia de minha boca.
Quero um amor assim.
Me faça sua, me possua, me deixe louca.

O pior é conhecer a crueldade.
Saboreá-la até o auge.
- Não te amo mais.
Sangrar a noite toda outra vez? Jamais!

Mas me agarrei ao meu vício.
Perfeitamente imperfeito desde o início.
Violentamente prazeroso e mutuamente vicioso.
Vício de viciar, vício de amar, vício de sofrer, masoquismo de viver.

Saber do perigo e por isso querer vivê-lo.
Saber do risco e corrê-lo.

Faca de dois gumes: mal-estar ou morte.
Tudo isso mata, tudo isso acaba, tudo isso passa...

Sorte!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Pôr-do-sol

Eu estive sozinha com você dentro da minha mente
E em meus sonhos eu beijei seus lábios mil vezes
E às vezes eu vejo você passar pela minha porta
Oi, sou eu quem você está procurando?

Eu posso ver em seus olhos
Eu posso ver em seu sorriso
Você é tudo de que sempre precisei, meus braços estão bem abertos
Porque você sabe bem o que dizer
E eu quero muito dizer a você que te amo

Eu espero há muito para ver o pôr-do-sol
E dizer a você o tempo todo que lhe tenho muito carinho
Às vezes eu sinto meu coração inundando
Oi, eu só precisava fazer você saber

Porque eu me pergunto onde você está
E me pergunto o que você faz
Você está em algum lugar sentindo-se sozinho, ou tem alguém te amando?
Diga-me como ganhar seu coração
Pois não tenho noção alguma
Mas deixe-me começar dizendo que te amo

[Lionel Richie - Hello]


~~~


Não há pôr-do-sol mais lindo, que o passado todo dia ao teu lado, com teu olhar sobre o meu.
Não há nada mais bonito que o reflexo dele nos seus olhos e no seu carinho.
Não há nada mais perfeito que amar.

domingo, 20 de julho de 2008

Identi[ci]dade

Deixamos criarem [ou remover de nós] nossa própria identidade.
O tal modelo humano produzido pela humanidade...
Beleza, riqueza, coragem,
Força, virgindade, pureza, sanidade...
Eza, agem, ade, ade, ade...
Quanta frieza.
Quanta falsidade.
Que tristeza.
Querem todos iguais, seguindo a correnteza!

Tenha apenas garra.
Corra atrás. Seja alguém de verdade.
Ou não seja ninguém se isso o faz feliz de verdade.
Ame alguma coisa. Viva por ela.
O mundo não precisa ser sua passarela.
Não se esconda atrás de moda, tradição ou finja ser puro.
Não use roupas idiotas, colírio e óculos escuros.

Eu, tu, todos queríamos ser apenas nós!
Com nossa INsanidade sós.
Livres pra sorrir e gargalhar!
Livres pra NOS amar!

Deixem-se em paz! Não cobrem de ninguém nunca mais!
Em maioria não faz o que se dita.
Ser correto e certo irrita!
Ser errado é certo, já que isso que se ama!
Ser certo é errado! Quem pensa estar feliz assim se engana!

Não somos menos por sermos reais.
Somos menos por sermos banais!
A criatividade é uma dádiva, independente de religião.
Banalidade é um saco! Bom é ser 'sem noção'.

Eu quero é ser feliz do jeito que sou.
Mudando periodicamente ou ficando como estou.
Não importa o que querem que eu seja.
Sei que se entediariam se eu fosse mesmo uma princesa.

Critiquem minha espontaneidade!
Eu com o meu e você com o seu 'ade'.
Não sou, nem serei certinha.
Como deve saber, sou a triste, feliz, vivente e real fúnebra rainha.

Do meu mundo.
O mundo é meu.

~~

espontaneidade
es.pon.ta.nei.da.de
sf (espontâneo+dade) 1 Qualidade daquilo que é espontâneo. 2 Facilidade com que alguma coisa se produz. 3 Aquiescência, conde­s­cendência natural. 4 Naturalidade, singeleza.

sábado, 19 de julho de 2008

E Tudo Mudou...

O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss

O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone

A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM

A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse

Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê..

Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service

A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão

O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD

A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email

O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street

O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também

O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike

Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato

Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira..

A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!

A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz..

.. De tudo.
Inclusive de notar essas diferenças


[Luís Fernando Veríssimo]

Beauty Queen

- Daddy, I want to be pretty.
- But you are pretty hunny.
- But I want to be pretty like other girls.
- Hunny you are prettier than casual girls.You are something, someone special.
- But mommy dot want to play with me anymore, or even talk...
- It's because mommy don't feel to good lately, she would like to play but she cant.
- Is mommy scared of me?
- Of course not!

- I love you daddy
- I love you to sweatheart.

...

- I would like to be pretty just like mommy.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Saudade

Saudade: no translations.

O que é saudade?
"saudade
sau.da.de
sf (lat solitate) 1 Recordação nostálgica e suave de pessoas ou coisas distantes, ou de coisas passadas. 2 Nostalgia."


~~


Só eu sei
O quanto é dificil aceitar
Eu já tentei
Mas não consigo acreditar

Que tudo um dia tem um fim
E o que acaba
Vai viver pra sempre em mim
Eu sei
Um dia após o outro
Eu vi, culpei mesmo sem ter motivo

Nada vai ser igual
Como a gente quer
O impossível vai ser
Sempre a minha opção
Minha melhor invenção
É acreditar que você vai estar pra sempre aqui

E eu pensei
O modo de poder voltar em ti
E te dizer o que eu nunca fui capaz

Que eu vivo e morro por você
E sua falta vai viver
Pra sempre em mim
Eu sei um dia após um outro
Eu vi, culpei mesmo sem ter motivo

Nada vai ser igual
Como a gente quer
O impossível vai ser
Sempre a minha opção
Minha melhor invenção
É acreditar que você vai estar pra sempre aqui
Mesmo que eu saiba que não


[Hateen - Minha Melhor Invenção]

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Preço do Acaso?

Todos precisam de mim.
Já eu, só preciso de alguém.
Preciso dele.
Preciso dela.
Um sem outro, um, os dois.
Não sei o que preciso.
Sei apenas que não preciso de mais problema.
Odeio estar no meu lugar.
Mas odiaria mais estar no dele agora.

Quem é você pra falar de perfeição?
Quanto mais imperfeição!
Sequer sabe o que é vida, ou opção, ou falta dela.

É ruim desistir mil vezes e depois se arrepender.
Olhar no espelho e fugir da própria imagem refletida.
É horrível me ver sem você.
É horrível ter de SER sem você.
É triste. Sem você.

Textos com tristeza nas entrelinhas,
Rimas bobinhas;
Que me irritam! Que me matam! Que me culpam! Que me...
Sempre se culpando por ser o problema,
E me culpando por te querer.
Não aguento mais.

Concordo. Foi bom enquanto durou.
Mas ainda bem que acabou.
Acho.

As palavras fogem quando tenho muita coisa pra dizer...
Depesso-me.
Perdão.

[minhas palavras não tornam inexistente o meu sentimento; eu sei o que é amar você]
[e a mesma música, depois de cem vezes repetida, começa a ter razão]

domingo, 13 de julho de 2008

Eu Te Devoro

Teus sinais
Me confundem da cabeça aos pés
Mas por dentro eu te devoro
Teu olhar
Não me diz exato quem tu és
Mesmo assim eu te devoro
Te devoraria a qualquer preço
Porque te ignoro ou te conheço
Quando chove ou quando faz frio
Noutro plano
Te devoraria tal Caetano
A Leonardo di Caprio

É um milagre
Tudo o que Deus criou
Pensando em você
Fez a via-láctea
Fez os dinossauros
Sem pensar em nada
Fez a minha vida
E te deu
Sem contar os dias
Que me faz morrer sem saber de ti
Jogado à solidão
Mas se quer saber
Se eu quero outra vida,
Não, não.

Eu quero mesmo é viver
Pra esperar, esperar
Devorar você

[Djavan]

sábado, 12 de julho de 2008

Quatro Rodinhas Pela Paz

Numa madrugada fria me despesso.
Despedaço.
O concreto que corremos um dia e que queimava nossos pés (e membros; amávamos abraçar o chão, imagine!), à madrugada, me congelava.
A sempre presente e pontual nuvem de maresia desenhava em todo lugar que meu olhar fitava.
Que lindo lugar...
Que bela desgraça...
Mais perfeito só...

Você me abraçava e dizia 'você é minha'...
E agora, me ouça gritando! Ainda sou!
Eu o amo, meubem, POR QUE ME ABANDONOU?!

Você sabia que um dia podia acontecer...
Que alguém poderia mudar...
Mas me deu esperanças e fé de que nada iria nos afastar.
E agora? O que diz?

Em todo esse tempo eu aprendi a aceitar.
Não foi culpa sua me deixar.
Pelo contrário, me perdoe por ter sido fraca.
Eu precisava o salvar!

O meu sonho estava ao mar!
O meu príncipe precisava respirar!
Hoje EU me afogo em lágrimas...
Pois vivo de lembranças, lindas e horríveis daquele lugar.

Joguei minha placa de madeira e rodinhas ao mar...
Pra quando quiser, poder voltar.
Como sempre brigava, não me defenderei com ela mais.
Por mais que assim eu não viva em paz.

SEI que nunca mais vou voar como naqueles dias.
SEI que nada nem nunca vai ser igual como era contigo.
O melhor carinho você fazia, o melhor perfume você tinha,
O melhor amigo você foi, o melhor beijo...

Não tive escolha, tive de aceitar...
Viver de saudade e recordar..
Espero que sempre olhe pra mim com aquele olhar.
Tudo o que deixou pra mim perdi.
Na água, com outro, na pista.
Seu cheiro, o cordão, minha vida.

Você era simplesmente perfeito.
A família que eu nunca tive, e talvez não tenha outra vez...
Jamais esquecerei do meu lugar no seu peito (o melhor lugar da casa! ainda lembro!)
Nem de tudo que fez.

Você não podia ir embora!
Mas não o culpo por isso.
Seu mal foi ser bom demais;
ter muito juízo.

Agora me despesso de você.
Até a próxima vez.

O amo pra sempre.



[Dedicado à melhor pessoa que passou, mesmo que por pouco tempo, pela minha vida. Mesmo que essas palavras sejam simples ou mal escolhidas e organizadas, fiz pensando nela. Mesmo que nunca mais a veja, que estas lágrimas a eternizem no meu olhar.]

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Aos dezesseis

Aos dezesseis descobri que homens não se apaixonam; ficam 'amarradões'.
E que se um se apaixona, precisa ter mil razões.
Descobri que não importa se sou magra e na moda, pode não agradar.
Percebi que não vale a pena mudar por ninguém, pois em um casal, um sempre não gosta.
Pois, se mudo, e ele gosta, eu mesma deixo de gostar.
Percebi que não adianta correr atrás do que deixou de existir há muito tempo.
Descobri uma amiga nova na frente do espelho (e pra gente não falta assunto!).
Inventei mais uma forma fácil de irritar minha mãe (não espalhe! é só dizer 'bom dia!') -xiiiiii- .
Percebi que não estou sozinha em morar mal; tenho meus vizinhos!
E que o velho do saco que leva crianças também leva gatinhos.
Descobri que não adianta evitar... a gente sempre se apaixona.
E se a gente não corre atrás, quer que alguém corra.
Vi que é sempre melhor não chorar quando um amigo vai embora; se sorrir, ele sorrirá também.
E se eu chorar, ele também chora; amigos são amigos, mesmo diferentes agora.
Descobri que as espinhas realmente um dia iam sumir!
E também que se eu espremesse ia ficar com uma cicatriz que não iria sair.
Descobri que namorado quando reclama muito, te culpa pelo que ELE está fazendo.
E que quando você descobre, ou ele não assume ou sai correndo!
Descobri que não vivi nada até os dezesseis.
E que os problemas quando acabam, começam todos outra vez.
Vi que não quero chegar aos quarenta tão cedo.
E que o fato de que ter a alma de uma mulher dessa idade me dá medo!
Percebi que podia estar pior...
Mas também que se eu fosse mesmo otimista seria melhor.
Descobri que meus dezessete são bem aguardados.
Poder enxugar os olhos molhados...
E reclamar de tudo outra vez...
Ah, que dezesseis!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Pobre Menina

Pobre menina! Choras por mentiras!
Meias verdades. Tuas verdades. Apenas tuas. Não percebes?
Tão belas e macias quanto seus cabelos eram as palavras.
Mas sequer faziam algum sentido. Não as entendias.
Mas como não percebestes? Era tinteiro toda hora, do papel para fora.
Olhe. Ria. Enraiveça, adormeça.
Já não sofres mais. A beleza já passou!
Apesar de sentirdes falta do suspiro e da preocupação.
Pobre menina! Entregastes tua alma!
Era como voar. Nem cem cigarros deixavam-na assim tão cheia de prazer.
Deixou suas memórias corroerem seu cérebro. Idiota.
Sua placa de madeira com rodinhas está no mar.
Sua fantasia medieval está no ar. Em pedaços.
Deixe o vento levar.
Apenas ria, olhe, sorria, enraiveça e adormeça depois.
O pôr-da-lua já vai passar.
Vais saber da verdade. Tua verdadeira verdade.
Que te faz acordar deste passo em falso.
Acorde, menina!
Ou apenas vá dormir...

Frio

Velas, cobertores, frio-calor, dois amores.
Apenas dois.
Eram dois.
Éramos dois.
Teto de vidro, teto de estrelas.
Calor nosso, calor das velas.
A maior paz do mundo, lado a lado com a maior ansiedade.
-Fique calma, me abrace, logo o frio irá passar...
Passou de verdade.

O frio que agora não é mais o mesmo...
O frio que o calor afastava.
O frio que logo ia embora...
Ele não se importava.
Quente do corpo. E do coração.
Batidas ritmadas e uníssonas em canção.

Atuais dias frios ao corpo e ao coração.
Atuais lembranças, antigas realidades.
Atual solidão.
Atual desencontro de verdades.

Você Foi

Você foi um momento intenso,
Sentido, sofrido, suado, vivido,
Usufruído, controvertido e sugador
Da minha vontade, verdade e sentimento.
Meus todos momentos de calor e amor,
Mas não o de dor no meu bem querer.
Você foi tão grande num tempo tão curto!
Foi como cigarro fumado,
Sabor violento, agora guimba apagada...
Fumaça espalhada no ar...

Gênesis

Consciência de si mesmo...
Sou pensamento!


Amor, respeito, cosmos...
Sou espírito


Agora espaço e tempo...
Sou matéria!


Diversidade, experiência...
Sou conhecimento!


Nuvem, sol e água...
Sou ar e vento!


Diamante, terra fertilizada...
Sou vida!


Criação, número cor e som...!
Sou Deus!!!


[Hugo Gruenwald - Tempos Diversos]

Sem Título [2]

À janela, a esperança.
Como Aurélia de Fernando e José de Alencar.
A esperar o toque do olhar.
A esperar o futuro chegar.
A esperar que vejam seu lapidado.
Justo que tivera trabalho e ardor para chegar ali.
E poder olhar e dizer: que bom trabalho eu fiz!
Com orgulho e simplicidade ao olhar ao céu.
Fazer pedidos perdidos no ar, esperando que se encontrem com os ouvidos certos.
Balbuciando promessas e bradando amor.
Como em sonhos de fim-do-mundo com finais felizes,
Ao olhar a linha do horizonte se apagar ao lado de quem ama,
Um último suspiro para terminar:
Como foi bom te amar!
Ah...

terça-feira, 8 de julho de 2008

Sem Título [1]

Lápis, esfuminho, algodão, nanquim. Papel, mãos, pingos. As melhores fotografias. A maior atenção aos detalhes. O maior cuidado do mundo. Tudo o que deveria ter aprendido há tempos. Se uma borra de nanquim cair ao papel, acaba-se todo o trabalho. Pode-se tentar consertar. Mas o erro vai estar para sempre ali. Mesmo tendo posto coisas por cima a fim de disfarçá-lo. Erros e erros. Nossa! Quantos erros! Tenho de melhorar a forma de desenhar...
De desenhar...

Bonecas Russas

Como em roletas russas, pode-se jogar com bonecas.
É difícil ser uma boneca russa; algo que se prova, deixa, guarda, esquece... usa; para crescer.

Boneca russa, boneca russa, cuidado para não se machucar.
Não sabes ainda que és como uma, menina,
Mas faz parte do 'usar'.


Na vida, ouve-se 'eu te amo', 'eu te odeio', 'fique', 'vá embora', 'ainda te quero' ou 'te esqueci'.
Mas não foi à toa que disseram: 'Tudo dá certo no final. Se não deu até agora, é porque ainda não é o final.

' Ser forte, ser corajoso.
Ouvir 'sim' e amar,
Ouvir 'não' e perdoar.

Amar e esquecer,
Esquecer pra poder amar; novamente.

Roletas russas na vida; bonecas russas no coração.

Tudo passa.
Mas o que importa, e é real, sempre fica.



Amo cinema e fotografia,
Amo blues e rock'n'roll.
Amo fins de tarde no terraço,
E o nascer-do-sol no atol.

Amo saber que a vida ainda tem muito a me dar, de tanto que perdi.


Afinal, a vida não é uma meretriz, é a vida.
Não a culpo por ter sido infeliz.

doçura...