domingo, 3 de janeiro de 2010

Não Cumpra Suas Promessas



Não cumpra, porque se você fosse perfeito, seria chato.
Não cumpra, porque sem mentir, você não teria um ponto fraco.
Não cumpra, porque a dor me faz sentir viva.
Não cumpra, porque eu amo desafios.
Não cumpra, porque aí penso em você o dia todo.
Não cumpra, porque você é humano e criança.
Não cumpra, porque a graça está na dança.
Não cumpra, porque eu crio mais esperança.
Não cumpra, porque as pessoas são assim.
Não cumpra, porque o ciclo não tem fim.
Não cumpra, porque é um teste pra mim.
Não cumpra, porque você me ama, mas não sabe o quanto.
Não cumpra, porque eu te amo e você não sabe que é tanto.
Não cumpra, porque eu preciso de alguma coisa pra consertar.
Não cumpra, porque não é isso que me faz te amar.

Você é perfeito pra mim.
Só me diz a verdade (sempre): você realmente faria isso por mim?

Pipa


Acredito que todo suicida preferiria morrer voando.
E, de fato, o Homem, desde sempre, é tão apaixonado por movimento e liberdade, que criou asas mecânicas.

Quando eu via uma criança ou um adulto soltando pipa, ficava pensando em que graça poderia ter em balançar um pedaço de papel pelo ar durante horas.
Daí, um dia – quente como só no Hell de Janeiro dá para ficar - resolvi deitar na mureta do terraço de casa para tentar relaxar e fiquei olhando o céu por muito tempo...
Céu aberto. Azul claro. Poucas nuvens claras e rápidas.
Uma gaivota tão alto que era quase só um ponto.
Uma pipa. A pipa já era um ponto.
Em toda aquela imensidão, todo aquele espaço, quanta liberdade!
E uma pipa me pareceu algo incrivelmente extraordinário.
Capaz de ir lá no alto e voltar pra me fazer sentir o céu.
E, de repente, o sufoco passou só de imaginar.
E eu me senti leve e feliz como aquela pipa poderia estar.
Enquanto há tanta disputa por espaço na terra, eu morreria para sentir o que é voar.

Queria um pedaço desse céu...