domingo, 3 de janeiro de 2010

Pipa


Acredito que todo suicida preferiria morrer voando.
E, de fato, o Homem, desde sempre, é tão apaixonado por movimento e liberdade, que criou asas mecânicas.

Quando eu via uma criança ou um adulto soltando pipa, ficava pensando em que graça poderia ter em balançar um pedaço de papel pelo ar durante horas.
Daí, um dia – quente como só no Hell de Janeiro dá para ficar - resolvi deitar na mureta do terraço de casa para tentar relaxar e fiquei olhando o céu por muito tempo...
Céu aberto. Azul claro. Poucas nuvens claras e rápidas.
Uma gaivota tão alto que era quase só um ponto.
Uma pipa. A pipa já era um ponto.
Em toda aquela imensidão, todo aquele espaço, quanta liberdade!
E uma pipa me pareceu algo incrivelmente extraordinário.
Capaz de ir lá no alto e voltar pra me fazer sentir o céu.
E, de repente, o sufoco passou só de imaginar.
E eu me senti leve e feliz como aquela pipa poderia estar.
Enquanto há tanta disputa por espaço na terra, eu morreria para sentir o que é voar.

Queria um pedaço desse céu...

Um comentário:

Caio RZ disse...

Lindo
Puta, eu também morro de vontade de voar...
Morreria por uma par de asas.

Te amo