Depois das lágrimas secas, depois da chuva,Depois do beijo da menina,
Depois de molhar-se a blusa
Depois do escasso orvalho na matina,
Toda a quebradiça e podre sequidão
Das folhas, amarelas, velhas, jogadas, despedaçadas,
Agora forro de chão.
Tudo o que resta tem muita cor...
De sangue.
Todo esse vermelho que acompanha o pôr-do-sol...
E me lambe...
Aconchega e chega com tudo só pra me deixar...
Faz questão de aterrorizar com doçura...
Doce e quente ternura...
Pavor.
Mas recolha...
Arrebente-se as cordas vocais!
Berre!
Seja! Tudo o que nunca foi, tudo que um dia se foi,
Não é em vão.
Se altere.
As folhas estão caídas no chão.
Não voltam mais.
E o vento leva... De um tal de Outono, pro Inverno... depois o Verão...
Mesmo que em pedaços sua alma grite 'NÃO!'
A culpa é sempre de quem abriu mão.
Logo as folhas cobrem todo o chão...
Logo se fecha o coração...
Aguça-se a visão...
Que faz-se arder a paixão.
O vermelho quente insitente,
Que iniste em apaixonar a gente...
Que se supera a cada dia, trazendo falsas alegrias...
Que faz de mim mulher, adulta, insana, criança,
Faz realidade fantasia, solidão má companhia,
Faz da fraqueza a esperança...
Mas recolha...
Um dia o vermelho passa...
Pelas mãos de quem caça...
Cores para pintar, pedaços para juntar...
Chances para amar...
Enquanto arde, enquanto dura, enquanto caem as folhas...
Recolha.
A visão é bonita...
Mas de uma forma ou de outra... dispersará.
E o vento leva...
Pra lá e pra cá...
Cá e lá...
Mas estão lá agora...
O lá é grande...
Mas o cá...
O cá demora...
Se for pra ficar.
Então...
Recolha...
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